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Autores: Gustavo Guimarães, estudante de Economia na UniSociesc e Fabiano Dantas, mestre em Economia e professor da UniSociesc
Nos últimos meses muito tem se falado a respeito da redução da inflação no Brasil. A intensidade da diminuição tem sido destaque em publicações de diferentes meios, já que a inflação vem diminuindo desde fevereiro. Como de costume, este assunto alimenta diversos debates em relação às suas causas e impactos. Mas perguntas que sempre surgem em momentos como este são: Por que isso é bom? É realmente algo para se comemorar?
Antes destas perguntas serem respondidas é necessário definir inflação: trata-se de “um aumento generalizado no preço dos bens e serviços de uma economia”, ou seja, quando há um aumento na maior parte dos bens em um determinado período diz-se que uma economia teve inflação. Mas como medir se há uma gama muito grande e variada de bens e serviços oferecidos dentro de uma economia? Isso se dá por meio dos índices de preços.
Existem diferentes índices de preços em uma economia, mas aqui vamos falar rapidamente dos índices ao consumidor, pois ele é o mais adequado para esta análise. Um índice de preços ao consumidor é calculado a partir de uma cesta de consumo que, por sua vez, é construída a partir de uma pesquisa com os consumidores para se chegar aos bens que devem compor esta cesta e qual o “peso” de cada um deles.
O índice apresentado é exatamente a variação do preço desta cesta. Por exemplo, o IPCA de junho de 2023 foi de -0,08% , o que quer dizer que a cesta de produtos construída para ser base do índice estava 0,08% mais barata do que a mesma cesta no mês de abril. Sendo assim, o mês de junho apresentou deflação, queda nos preços, a primeira queda desde setembro de 2022. É o menor índice registrado para o mês de junho desde 2017.
Mas se os bens e serviços são variados e de todas as classes sociais, qual seria a razão de algumas pessoas dizerem que a inflação é “um imposto sobre os mais pobres”? A afirmação se dá por causa da diminuição do poder de compra dos mais pobres. Quando ocorre um aumento generalizado no preço dos bens e serviços da economia e a renda não acompanha esse aumento, há um impacto mais acentuado na renda dos mais pobres.
Por exemplo: o pãozinho que você compra por R$ 10,00 o quilo hoje, considerando que você compra um quilo, com uma Inflação de 10% ao ano você compraria o mesmo quilo de pão por R$ 11,00 no próximo ano. Porém se a sua renda aumentou 2%, então os seus R$ 10,00 se tornaram R$ 10,20, logo você não conseguiria comprar um quilo de pão como no ano passado. Todos os assalariados ou trabalhadores que têm sua renda alterada em um determinado percentual por ano (dissídio, por exemplo), se a renda aumenta menos do que a inflação ele tem seu poder de compra corroído.
Isso mostra que na verdade todos os agentes de uma economia são prejudicados pela inflação, entretanto os mais pobres sofrem mais. Eles não têm como se proteger da perda do poder de compra, já que eles consomem toda sua renda em bens e serviços. Aqueles que têm uma renda mais alta podem aplicar parte da sua renda e então se proteger, ainda que parcialmente, da corrosão causada pela inflação.
Desta maneira é possível dizer que a queda representativa que a inflação tem apresentado nos últimos meses é sim algo a ser comemorado, pois ela é benéfica para todos os agentes da economia e pode ser um fator importante para a retomada da atividade econômica no país.
Uma pergunta que pode surgir neste momento é: “O que causa Inflação em uma economia?” Existem alguns fatores que, segundo a teoria econômica, podem ser os causadores da inflação, dentre eles poderíamos citar: a impressão de moeda em uma economia, indexadores de preços, um aumento expressivo na demanda agregada, uma redução relevante na oferta agregada, desorganização na política fiscal, entre outros. Mas isso, quem sabe, pode ser assunto para um outro artigo!