Conforme pesquisa, 90% dos pacientes que fizeram cirurgias estéticas tiveram melhora significativa na autoestima
Alegria para alguns, medo e ansiedade para outros. A época de volta às aulas, que para muitos estudantes significa a hora de reencontrar os colegas e amigos, também costuma ser um momento difícil para uma parcela dos jovens e crianças vítimas de bullying, em boa parte das vezes provocado por questões estéticas. Segundo a parapsicóloga clínica e hipnoterapeuta Angélica Boff, quando alguém sofre bullying, não é aceito ou é alvejado com excesso de críticas ou chacotas, sofre consequências mais ou menos graves, que variam dependendo de fatores como o tipo de bullying e o apoio que essa criança ou adolescente tem dos pais, amigos e professores. “Se um sofrimento vem sendo repedido continuamente ano após ano, seu impacto na saúde mental é muito maior e profundo”, diz a especialista.
Conforme Angélica, as consequências do bullying são sobretudo insegurança e medo, além de muita raiva. “Estes sentimentos serão vivenciados e expressados das mais diversas maneiras e intensidades, desde uma pequena insegurança ou medo de se expor até situações que bloqueiam a vida da pessoa, como pânico, incapacidade de socializar, grandes dificuldades na vida profissional e até a dificuldade em ter filhos – atitude consciente ou inconsciente que vai evitar que este sofrimento se estenda.”
Em meio à crescente preocupação com a saúde mental, o Janeiro Branco - campanha nacional que busca conscientizar a população sobre a relevância do bem-estar emocional – vem ganhando destaque no país. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, a depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo, afetando mais de 300 milhões de pessoas de todas as faixas etárias.
No Brasil, que apresenta a maior prevalência de depressão na América Latina, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), muitas pessoas vêm buscando nos procedimentos estéticos uma forma de elevar a autoestima e promover o bem-estar psicológico. Na opinião da parapsicóloga Angélica Boff, “procedimentos estéticos podem trazer benefícios quando equilibrados, sem excessos, sendo coadjuvantes na melhora da autoestima e autoaceitação da criança ou adolescente. Mas o que deve ser fortalecida é a identidade da criança ou adolescente”. Esta lógica é confirmada por uma pesquisa da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS), que revela que cerca de 90% dos pacientes que se submeteram a cirurgias estéticas relataram uma melhora significativa na autoestima após os procedimentos.
Motivos para sorrir
Conforme um estudo publicado na Plastic and Reconstructive Surgery em 2017, adolescentes envolvidos em bullying são mais propensos a querer se submeter a cirurgias estéticas, pois desta forma podem se tornar mais atraentes e menos vulneráveis. “Pessoas com autoestima baixa, pouco conhecimento de sua história, sua identidade e valor únicos, ou com sua identidade em formação, como crianças e adolescentes, são prezas fáceis dos diversos ambientes de competições excludentes e valores voláteis, fúteis, como nas redes sociais”, sentencia Angélica.
O estudante Vithor Mendes Silva, 17 anos, revela como um tratamento ortodôntico transformou sua relação com seu sorriso. "Comecei o tratamento em fevereiro de 2022, quando tinha apenas 14 anos. Meus dentes caninos nasceram tortos, e isso afetava minha confiança", compartilha Vithor. "Após três anos de tratamento, não só vi uma melhora na estética, mas também ganhei confiança para sorrir."
Cláudia Consalter, sócia e co-fundadora da OrthoDontic – a maior rede de ortodontia do Brasil, com um total de 350 unidades em operação –, afirma que o impacto na autoestima dos jovens após tratamentos ortodônticos é inegável. "Sem dúvida, o uso de aparelho e um sorriso saudável desempenham papéis cruciais na saúde emocional dos adolescentes, especialmente em uma fase tão desafiadora de autodescoberta."
O peso do sobrepeso
Outro aspecto que costuma transformar jovens e crianças em alvos de bullying é o sobrepeso, que também faz vítimas entre pessoas mais velhas. Segundo pesquisa do Instituto Plano de Menina - projeto social criado em 2016 que tem como missão capacitar e conectar meninas de periferias a grandes oportunidades - e a marca de cosméticos The Body Shop, o peso é o maior motivo de pressão estética sofrida pelas mulheres no ambiente corporativo. De 1.448 entrevistadas entre 18 e 59 anos, cerca de 88% delas já se sentiram pressionadas no trabalho por não estarem no peso considerado "ideal".
O médico ortopedista Neymar de Lima, fundador da MedStation, um hub de saúde para brasileiros no exterior, concorda que a realização de procedimentos estéticos pode ajudar na melhora da autoestima e, por consequência, do bem-estar e da saúde mental. “A mídia social criou uma realidade que nos permite em tempo real visualizar situações que, na maioria das vezes, são editadas com claro apelo comercial, nos levando a querer tudo o que não temos”, comenta o médico.
Fundada há 13 anos, a empresa conta com sete unidades físicas nos Estados Unidos, somadas a 78 unidades online que atendem todo o território norte-americano. Além de consultas médicas físicas e online, os principais focos de atuação são programas de emagrecimento e reposição hormonal. “Nesse contexto, usar todos os recursos da medicina e da tecnologia para ajustar e melhorar o que for possível na minha aparência, estética e performance, é legítimo, é saudável e pode melhorar meus relacionamentos, minhas interações e minha autoestima.”