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Giselda Perê (divulgação) |
Em abril, a N’Kinpa - Núcleo de Culturas Negras e Periféricas promove encontros/vivências com mestres e pensadores da cultura negra duas escolas municipais da Zona Sul de São Paulo. Alunos e professores da EMEF Ana Maria Alves Benetti e EMEI Cruz e Souza participam das atividades, constituídas por bate-papo, seguido por uma vivência prática.
No dia 02/4, a arte-educadora Giselda Perê é a convidada do projeto para falar sobre Oralidade - Fundamento das Culturas Pretas, na EMEF Ana Maria Alves Benetti, às 9h30 e às 13h30. Giselda é artista e educadora, há 20 anos, Mestra em Arte/Educação pelo Instituto de Artes da Unesp e fundadora do Agbalá Conta, núcleo de pesquisa e narração de histórias das culturas negras.
No dia 9/4, a EMEI Cruz e Souza recebe a psicóloga Antoniella Vieira que vai abordar o tema A Criação do Imaginário nas Infâncias Negras, às 9h30 e às 13h30. Antoniella é trabalhadora do SUS, ativista da Luta Antimanicomial e também das lutas pela Redução de Danos e Economia Solidária.
E Mestre Pedro Peu comanda o encontro Capoeira - Ginga Resistência e Ancestralidade nos dias 16/4, na EMEF Ana Maria Alves Benetti, e 23/4, na EMEI Cruz e Souza, ambas em dois horários, às 9h30 e às 13h30. Pedro Peu é coordenador do Grupo Batakerê e do Centro de Capoeira Angola, preparador corporal, percussionista, pesquisador, arte-educador, professor, dançarino, cantor e compositor. Sempre atuante na periferia da zona leste de São Paulo levando a arte e cultura para a comunidade.
Os Encontros integram o projeto TERREIROS NÔMADES - Macamba Faz Mandinga - Saberes Afrodiaspóricos nas Corporeidades da Cena que visa valorizar as culturas africanas, afrodiaspóricas e originárias colaborando para a aplicação efetiva, por meio da linguagem artístico-pedagógica, das Leis Federais nº 10.639/03 e nº 11.645/08; elas estabelecem a obrigatoriedade do ensino de história e de culturas afro-brasileira e indígena nas grades curriculares do ensino fundamental e médio. As duas escolas envolvidas foram contempladas no projeto por serem instituições onde essas leis são aplicadas levando a educação antirracista para além do material didático.
Ao longo de 2024, o projeto - contemplado na 41ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo - reúne várias atividades e estudos em ambas escolas. Trata-se das ações da coletiva N’kinpa em parceria com coletivos do entorno, vivências com mestres da cultura afrodiaspóricas, palestras e bate-papos com pensadores da cultura negra e indígena, encontros com pais, alunos e comunidade, programas de Podcast (A Cor da Nossa Cultura em Encontros e Redes) e criação de um espetáculo de teatro performático, concebido a partir de todo esse percurso, cuja estreia está prevista para novembro. Os temas abordados não serão restritos aos dias em que ocorrem as atividades. Nas semanas seguintes às ações, as escolas irão abordá-los e estudá-los junto aos alunos, expandindo as possibilidades de entendimento.
Segundo Joice Jane Teixeira, idealizadora e proponente do projeto Terreiros Nômades e coordenadora da coletiva N’kinpa, “a escolha da EMEF Ana Maria Alves Benetti e da EMEI Cruz e Sousa, além de serem escolas cujos projetos políticos-pedagógicos se pautam na implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/08, deve-se ao fato de estarem localizadas no bairro do Jabaquara, na região sul da cidade, um dos territórios de grande relevância histórica para o povo negro”. E completa: “buscamos com estas ações, conteúdos e vivências estabelecer, além de um diálogo com crianças, jovens e adultos alargando o acesso às artes, devolver o que lhes foi negado, ou seja, as histórias e os saberes de povos que por conta do racismo estrutural histórico foram e ainda são invisibilizados. Acreditamos que a partir disso ampliaremos as reflexões políticas, culturais e sociais/econômicas, além de fomentar e formar um público ativo na luta pelos os direitos, propositivo e participativo da vida de sua comunidade”.
Joice ainda declara: “Terreiros Nômades busca formas e meios de erradicar as violências e os genocídios cometidos aos corpos racializados. Quer bulir sobre o nosso propósito no fazer artístico e cultural, na educação, expondo as dores e os cacos, mas também as dádivas, as estratégias e rotas que nos fizeram permanecer. Não há como não trazer a ética Ubuntu, a ética da matrilinearidade, as práticas e estratégias organizacionais dos diversos terreiros, pois os saberes africanos, por inúmeros processos de cognição, asserção e metamorfose, criaram e performaram as suas presenças nas Américas”.
Projeto: TERREIROS NÔMADES - Macamba Faz Mandinga
Eventos restritos às escolas.
Encontro/vivência: Oralidade - Fundamento das Culturas Pretas
Com Giselda Perê
2/4 (terça) - EMEF Ana Maria Benetti
Horários: 9h30 e 13h30 – Duração: 2h.
Encontro/vivência: A Criação do Imaginário nas Infâncias Negras
Com Antoniella Vieira
9/4 (terça) - EMEI Cruz e Souza
Horários: 9h30 e 13h30 – Duração: 2h.
Encontro/vivência: Capoeira - Ginga Resistência e Ancestralidades
Com Mestre Pedro Peu
16/4 (terça) - EMEF Ana Maria Alves Benetti
23/4 (terça) - EMEI Cruz e Souza
Horários: 9h30 e 13h30 – Duração: 2h.