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Foto de Tiggaz |
Em curta temporada, a Companhia de Teatro Heliópolis apresenta o espetáculo Quando o Discurso Autoriza a Barbárie na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho (sede do grupo), entre os dias 19 e 29 de outubro. As sessões são gratuitas, sempre às quintas, sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 19h.
Com encenação de Miguel Rocha, a montagem coloca em cena fragmentos de períodos históricos do Brasil que elucidam as barbáries praticadas pelo Estado, “justificadas” e naturalizadas pelo discurso político nas mais diferentes esferas públicas e que continuam sendo direcionadas aos mesmos corpos.
O espetáculo é resultado de pesquisa da Companhia de Teatro Heliópolis sobre como o Estado brasileiro, há mais de cinco séculos, desde o início da colonização portuguesa até o atual cenário político-social, vem autorizando a barbárie e seus atravessamentos, justificando privilégios, hierarquias e opressões. A Companhia compreende que investigar as origens da violência social implica compreender como a história se repete: primeiro, como tragédia; depois, como farsa, conforme Karl Marx já assinalara.
Quando o discurso autoriza a barbárie desvela, em cena, muito desse conjunto de visualidades e enunciados que sustenta a violência estatal e institucional no Brasil contemporâneo. Ao radicalizar a pesquisa ético-estética desenvolvida nos últimos anos, a Companhia de Teatro Heliópolis aposta numa encenação híbrida, apoiada no desdobramento de imagens-síntese, em que os corpos das atrizes e dos atores em diálogo com o próprio espaço cênico e suas materialidades compõem o eixo dramatúrgico principal. E assim põe em xeque a organização lógica de eventos que compõem a história oficial do Brasil.
O desafio de construir uma dramaturgia sem o texto, propriamente dito, traz uma abordagem nova para essa reflexão. A construção poética das cenas, em narrativa não linear, surpreendem pela concretude, pela força e sutileza ao conjugar ações físicas, atitudes, gestos e sequências corográficas, onde a iluminação (Guilherme Bonfanti) em perfeita harmonia com a música e o canto (trilha sonora original criada por Peri Pane e Otávio Ortega) têm papel fundamental. A encenação lança mão também de artifícios como vídeos e áudios gravados para compor a dramaturgia.
“A investigação do espetáculo constata que a barbárie e a violência sempre foram patrocinada pelo Estado, desde a exploração e dizimação dos indígenas, do uso mão escrava, da exploração das riquezas naturais a qualquer custo e da repressão na ditadura militar. Para discutirmos essas e outras questões sociais, culturais e políticas contemporâneas, precisamos voltar o olhar para o passado, para a origem, pois elas sempre estiveram presentes”, comenta o encenador Miguel Rocha.
A Companhia de Teatro Heliópolis - Com 13 trabalhos no repertório, a Companhia é um grupo atuante, reconhecido nacionalmente, que realiza trabalho ininterrupto e consistente, desde o ano 2000, em Heliópolis, uma das maiores favelas da capital paulistana. Em 2022, o espetáculo CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos, foi agraciado com os prêmios: APCA - categoria Dramaturgia, indicado também em Direção; Prêmio SHELL de Teatro - categorias Dramaturgia e Música, indicado também em Direção; VI Prêmio Leda Maria Martins - categoria Ancestralidade; e ainda indicado pela Folha de S.Paulo como um dos Melhores Espetáculos de 2022.
FICHA TÉCNICA - Concepção e encenação: Miguel Rocha. Provocação dramatúrgica: Alexandre Mate. Provocação cênica e texto para programa: Maria Fernanda Vomero. Elenco: Álex Mendes, Anderson Sales, Dalma Régia, Davi Guimarães, Fernanda Faran, Isabelle Rocha e Walmir Bess. Direção de movimento e estudo da Ideokinesis: Érika Moura. Direção musical: Peri Pane. Trilha sonora: Peri Pane e Otávio Ortega. Músicos (ao vivo): Alisson Amador e Jennifer Cardoso. Iluminação: Guilherme Bonfanti. Assistência de iluminação: Giorgia Tolaini. Cenografia: Eliseu Weide. Figurino: Samara Costa. Assistência de figurino: Paula Knop. Preparação vocal: Bel Borges e Edileuza Ribeiro. Dança: Sayô Pereira e Flávia Scheye. Organização de roteiro e edição de vídeo: Gabriel Fausztino. Animação: Teidy Nakao. Sonoplastia e operação de som: Lucas Bressanin. Operação de luz: Nicholas Matheus. Operação de vídeo: Allysson do Nascimento. Canções originais: “Invento” (Eunice Arruda e Peri Pane), “Canto da Partida” (Lucina e Peri Pane), “Liquidação Total” (Peri Pane), “Sobre os Ossos” (Marion Hesser e Peri Pane), “Coro” (Edileuza Ribeiro). Participações: Catarina Nimbopy’rua, Edileuza Ribeiro e Tata Orokzala. Estúdio / gravação de trilha: Estúdio 100 Grilos, por Otávio Ortega. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Assessoria Jurídica: Martha Macrus de Sá. Fotografia: Rick Barneschi. Direção de produção: Dalma Régia. Idealização e produção: Companhia de Teatro Heliópolis. Realização: Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.
Espetáculo: Quando o Discurso Autoriza a Barbárie
Com: Companhia de Teatro Heliópolis
Temporada: 19 a 29 de outubro de 2023
Horários: quintas, sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 19h.
Ingressos: Gratuitos – Retirar 1h antes das sessões.
Reservas online: http://www.sympla.com.br
Duração: 90 min. Classificação: 16 anos. Gênero: Experimental.
Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho
Rua Silva Bueno, 1.533 – Ipiranga. São Paulo/SP.
Telefone: (11) 2060-0318 (WhatsApp). Capacidade: 50 lugares.
Transporte público - Metro Sacomã/ Terminal de Ônibus Sacomã