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*Por Marcos Santa Cecília

Um levantamento divulgado em maio de 2019 pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), apontou que 80% dos empreendedores brasileiros pretendiam manter seus níveis de investimento nesse ano, comparando a 2018. Eles pretendem, principalmente, melhorar o processo produtivo (36%) e aumentar a capacidade da linha de produção em 28%.

A pesquisa, realizada periodicamente pela CNI, apontou também que, em 2018, o principal investimento das indústrias foi na aquisição de máquinas e equipamentos (75%). Em seguida, foi apontada a aquisição de novas tecnologias, incluindo automação e tecnologias digitais (9%). Os dados apontam uma tendência à modernização das plantas industriais, o que é um sinal positivo do mercado. Mas será que essas empresas fazem o acompanhamento dos ganhos de produtividade de suas plantas? Será que elas acompanham no dia a dia a disponibilidade dos equipamentos para produção, a performance e qualidade do que está sendo produzido?
Será que conseguem medir o retorno sobre esse investimento de modernização?

Mensurar a efetividade dos equipamentos industriais é o objetivo do OEE (Overall Equipment Effectiveness) ou Índice de Efetividade Geral dos Equipamentos. As empresas de classe mundial mantém esse número em 85%, mas no Brasil, a média é de 60%. A tendência à modernização da planta aponta que as empresas estão em busca das possibilidades de melhoria.

Como calcular

Embora seja um indicador importante na indústria, poucas adotam essa prática de maneira contínua. O cálculo envolve a análise de três perspectivas presentes em qualquer planta industrial: disponibilidade e performance das máquinas; qualidade do produto final. Acompanhe abaixo o exemplo de uma confecção:

Perspectiva O que se espera? Exemplo Prático Impacto
Disponibilidade dos equipamentos / máquinas Teoricamente, uma máquina foi criada para funcionar 100% do tempo. Na prática, são necessárias paradas para limpeza, manutenção, troca de matéria prima, etc. Para o cálculo do OEE, considera-se o tempo total de disponibilidade da máquina, já descontadas as paradas programadas. Uma máquina de costura funciona das 8h às 18h, cinco dias por semana, com uma parada de uma hora para o almoço, em que todos os colaboradores saem ao mesmo tempo.
Nesse caso, a disponibilidade diária total da máquina (100%) é de 9 horas. Vamos supor que, por falta de manutenção preventiva, essa máquina apresente um defeito e fique parada por 1h.
Nesse caso, sua disponibilidade foi de apenas 8 horas naquele dia, ou 90% do tempo total possível.
Performance dos equipamentos / máquinas Mede qual a quantidade de peças produzidas em determinada unidade de tempo.
O cálculo é feito a partir do momento em que a máquina é ligada, recebe os insumos e entra em operação Essa mesma máquina de costura produz 20 peças por hora (uma a cada 3 minutos).
Considerando-se que o equipamento funciona 9 horas diárias, se tem uma produção de 180 peças / dia. Os problemas de manutenção fizeram com que a máquina produzisse apenas 15 peças por hora ou 135 peças dias.
A performance da máquina é de 75%.
Qualidade Mede a quantidade de peças que são descartadas por defeito de fabricação. Nessa mesma confecção, registra-se a perda média de 5 peça diárias. Diariamente, foram produzidas 135 peças devido aos problemas do equipamento. Desse total, cinco foram refutadas. Logo, o índice de qualidade é de 96,2%.

Para se calcular o OEE, é necessário multiplicar esses percentuais entre si. Dessa maneira, teremos: Disponibilidade: 90%, Performance: 75%, Qualidade: 96,2%, 0,88 X 0,75 X 0,96 = 64%

Desafios
Pelo exemplo da confecção, parece ser fácil fazer esse cálculo, certo? Mas a realidade é outra. Nem todas as empresas tem a disciplina ou métodos para medir esses indicadores.

O planejamento da produção também é outro aspecto fundamental, devendo prever toda e qualquer indisponibilidade, como manutenções preventivas, queda nas vendas, sazonalidades, etc.

Outra dificuldade que as empresas encontram para calcular esse indicador é a baixa automação de sua planta industrial. Quando uma máquina para, nem sempre esse tempo é computado corretamente. A performance algumas vezes é medida na base de anotações e “olhômetro”.

Alguns recursos podem ajudar o empreendedor que pretende calcular e acompanhar o OEE. Um deles é a criação de uma cultura de planejamento e controle da produção. Outro é a modernização dos equipamentos. Um terceiro aspecto é a utilização de sistemas integrados de gestão, que permitam enxergar de maneira integrada todas as informações relacionadas à cadeia produtiva.

OEE e sua utilidade para os negócios

O cálculo correto e contínuo do OEE pode ajudar a empresa a identificar gargalos de produção problemas na cadeia produtiva, otimização do pessoal e melhoria de processos. Quando a empresa integra seu parque industrial a um sistema de informações, é possível identificar rapidamente onde acontece determinado problema e como atuar quando algum indicador apresenta desvios.

O OEE pode ajudar na avaliação do retorno sobre o investimento. Uma vez que a modernização da planta é apontada por empreendedores como uma das principais áreas de foco em 2019, é preciso também comprovar em qual prazo esse investimento pode se pagar. O cálculo do OEE ajuda a dar essa resposta e acompanhar a relação entre previsto e realizado.

A utilização de um ERP flexível e que permita integração com a planta pode facilitar a vida dos gestores, na medida em que geram dados em tempo real, permitindo a análise pontual dos desvios ou das melhorias no OEE.

*Marcos é consultor de treinamento comercial na Sankhya.