Pouco risco de sequelas irreversíveis. Isso é o que toda mãe de um bebê que teve problemas de oxigenação no momento do parto espera ouvir. E a boa notícia pode ser realidade por meio de um tratamento não invasivo capaz de reduzir em mais de 53% os danos cerebrais sérios. A barreira é que nenhuma maternidade no Brasil tem à disposição esse equipamento de alta precisão para realizar a terapia.
A asfixia perinatal, é uma condição de saúde mundial que chega a atingir cerca de 3% dos recém-nascidos. Além do risco de morte – no Brasil, morrem, todos os dias, aproximadamente 15 bebês decorrentes do problema – essas crianças têm altas chances de apresentar problemas graves no desenvolvimento neurológico . As complicações incluem disfunções motoras, sensoriais e déficits cognitivos, de atenção, de aprendizagem ou hiperatividade, com alto custo individual, familiar e social que podem durar por toda a vida. A incidência mais alta de problemas graves no desenvolvimento neurológico está relacionada às regiões com recursos e desenvolvimento limitados .
“Muitas das técnicas que usamos no Brasil já foram descontinuadas na Europa e nos Estados Unidos”, esclarece o pediatra Maurício Magalhães da Santa Casa de São Paulo. Enquanto existem soluções inovadoras e de alta precisão para a indução da hipotermia terapêutica, tratamento para evitar as lesões cerebrais (VER INFOGRÁFICO), quase todos os procedimentos no país são realizados com bolsas de gelo ou com mantas ou colchões de resfriamento.
“O uso de gelo pode levar a uma grande flutuação da temperatura, sem o controle contínuo da enfermagem”, explica o especialista. As recomendações médicas, completa, permitem uma oscilação de, no máximo, 0,1°C, algo muito sutil. “A partir daí, o risco de complicações eleva-se, por isso, a importância de técnicas que garantam precisão”.
O manejo de temperatura controlado é possível por meio de equipamentos inovadores (VER INFOGRÁFICO). Diversas pesquisas comprovam que a adoção do procedimento, nas primeiras horas após o nascimento, diminui em 19% o risco de morte e minimiza os problemas neurológicos e a possibilidade de paralisia cerebral em 53% . Na prática clínica, a redução das complicações é superior a 70% e, dos 30% restantes, 80% dos pacientes apresentam sequelas mínimas, como distúrbios de fala e de audição corrigíveis. “A abordagem adequada contribui significativamente com a qualidade de vida dessas crianças”, finaliza.
Nenhuma maternidade no Brasil
Se por um lado, os benefícios desses sistemas – seguros, eficazes e não invasivos – são comprovados por diversos estudos e incontestáveis pelos profissionais de saúde, o acesso dos pacientes às técnicas não é uma realidade. Nenhuma maternidade no Brasil tem esse equipamento à disposição.
Embora os dispositivos estejam aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso no país desde 2014 e o tratamento seja mandatório em casos de asfixia perinatal, falta um protocolo para padronizar a hipotermia terapêutica nos hospitais – hoje, cada um faz à sua maneira. Além disso, as soluções mais inovadoras não estão na lista de cobertura dos planos de saúde, nem disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
Hipotermia terapêutica: o que é?
Procedimento em que o recém-nascido tem sua temperatura corporal reduzida em cerca de 3°C abaixo da normal como forma de evitar as lesões cerebrais decorrentes da asfixia ocorrida no parto.
Qual objetivo?
Na asfixia perinatal ocasionada no momento do parto, situação associada a circular, compressão ou ruptura de cordão umbilical, o cérebro, que é a parte do corpo que consome mais energia, para de funcionar pela falta de oxigênio. Se ele voltar a “operar” subitamente, o órgão não “aguenta” a carga. Daí a necessidade do resfriamento e do controle preciso da temperatura corporal para o que o cérebro “trabalhe” menos e do reaquecimento gradual, também controlado, fazendo com que ele volte às suas funções mais lentamente, evitando o colapso e as complicações. Cada 1°C de variação equivale a 13% de energia.
E as técnicas de tratamento?
O que é? Benefícios Inconvenientes Onde está disponível?
Bolsas de gelo Método simples e fácil de implementar.
Não tem controle preciso da temperatura corporal durante o procedimento.
Não foi projetado para o resfriamento rápido de pacientes criticamente enfermos.
Podem ocorrer vazamentos no ambiente de tratamento colocando em risco a segurança do profissional de saúde (queda).
Até 72% do corpo fica em contato com o gelo.
Aumento na demanda de trabalho do profissional de saúde. Direcionamento de um profissional exclusivo para o atendimento.
Umidade dentro da incubadora pode ampliar o risco de choque elétrico. Nas redes pública e particular
Colchões/manta de resfriamento Método simples e fácil de implementar. Não tem controle preciso da temperatura corporal durante o procedimento.
Não foi projetado para o resfriamento rápido de pacientes criticamente enfermos.
Possibilidade de vazamento no ambiente de tratamento.
Até 72% do corpo fica em contato com o gelo.
Enchimento e esvaziamento manual do equipamento com 9,5 litros de água destilada.
Risco laboral para o profissional de saúde. Na rede particular
Sistemas de gerenciamento de temperatura endovascular Permite a verificação da temperatura do paciente a cada segundo.
Ajuste da temperatura da água de acordo com a necessidade. Necessidade de intervencionista para passagem do cateter.
Risco de trombose venosa e de infecção. Em alguns hospitais particulares.
Sistemas de gerenciamento de temperatura de superfície Verificação da temperatura do paciente a cada segundo.
Ajuste da temperatura da água a cada dois minutos.
Os pads que tem contato com o paciente são projetados para não vazar. O sistema de pressão negativa impede o vazamento de água, mesmo se houver perfuração.
Os pads permitem o acesso ao paciente durante a terapia e cobrem aproximadamente
40% do paciente. Risco de lesão de pele durante o uso. Em alguns hospitais particulares.
Sobre a BD
A BD é uma das maiores empresas de tecnologia médica do mundo que está promovendo o avanço da saúde ao investir na descoberta médica, no diagnóstico e na prestação de cuidados. A empresa apoia os heróis que estão na linha de frente dos cuidados da saúde por meio do desenvolvimento de tecnologia, serviços e soluções inovadoras que ajudam a avançar na terapia clínica para pacientes e no processo clínico para os prestadores de cuidados de saúde.
A BD e os seus 65 mil funcionários têm paixão e compromisso em ajudar a melhorar os resultados dos pacientes e a segurança e a eficiência do processo de atendimento clínico, além de permitir aos cientistas de laboratório diagnosticar melhor a doença e promover as capacidades dos pesquisadores de desenvolver a próxima geração de diagnósticos e terapêuticos. A BD tem presença em praticamente todos os países e parceiros com organizações de todo o mundo para abordar alguns dos problemas de saúde globais mais desafiadores. Ao trabalhar em estreita colaboração com os clientes, a BD ajuda a melhorar os resultados, reduzir os custos, aumentar a eficiência, melhorar a segurança e ampliar o acesso aos cuidados de saúde. Em 2017, a BD recebeu a C. R. Bard e seus produtos na família BD.
Para mais informações, acesse http://www.bd.com.br