O Brasil e mais 163 países assinaram na última semana o Pacto Mundial para Migração, um documento elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que visa fortalecer os direitos dos migrantes e ajudar as nações a enfrentarem seus desafios, como a integração dos migrantes. Nesta terça-feira, 18 de dezembro, Dia Internacional dos Migrantes, o Centro de Memória Bunge (CMB), um dos mais ricos acervos de memória empresarial do Brasil, destaca documentos sobre a importância dos migrantes no desenvolvimento do país.
Um dos 23 objetivos do pacto é a criação de condições para que os migrantes possam contribuir para o desenvolvimento sustentável dos países. No Brasil, a imigração estrangeira e a migração nacional foram responsáveis pela formação da massa de trabalhadores, a “mão-de-obra” que ergueu as grandes capitais, moveram as primeiras máquinas industriais e semearam os campos que movimentam as exportações do país.
No Centro de Memória Bunge existem mais de 1,5 milhão de documentos que recontam uma grande parcela da história da industrialização do país desde o início do século XIX, a partir dos primeiros movimentos migratórios da época. No acervo estão guardados, por exemplo, os livros originais com o registro das primeiras profissões e o cadastro de trabalhadores imigrantes da Brasital, uma das primeiras tecelagens e fábricas de papel do Brasil. A empresa funcionou até 1995 – em 1981 se tornou Indústria de Tecidos Moinho Santista S/A - e por mais de um século atraiu milhares de trabalhadores e suas famílias do campo para a cidade.
Outro documento importante são as fichas dos operários do Moinho Fluminense, a primeira fábrica de moagem de trigo do Brasil, inaugurada em 1887 na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro. Os arquivos revelam o movimento de grupos de trabalhadores de várias regiões do Brasil em direção ao litoral carioca, além da diversidade de nacionalidade de trabalhadores.
Segundo a historiadora do CMB, Viviane Lima de Morais, todo migrante precisa ser localizado dentro de um equilíbrio particular de relações sociais para que seja possível perceber o universo de contradições sociais e culturais que o compõe. “Só assim poderemos compreender as implicações políticas e os interesses de poder que envolvem esse movimento de entrada e saída de um determinado território, que evidencia um grande embate social entre migrantes e setores dominantes da sociedade, como governo, empresários e população local”, finaliza.
Sobre o Centro de Memória Bunge
O local foi criado pela Fundação Bunge em 1994 para preservar e disseminar conhecimento sobre a história da Bunge, empresa com mais de 200 anos de história, presente em mais de 40 países, incluindo o Brasil, onde foi a precursora do desenvolvimento industrial. O acervo reúne materiais de diversas origens e tipos, como documentos cartográficos, iconográficos, tridimensionais, textuais, entre outros, que contemplam temas como a história da industrialização brasileira, do agronegócio, da propaganda e navegação. O Centro de Memória disponibiliza seu acervo online (http://www.fundacaobunge.org.br/acervocmb) e, além compartilhar o aprendizado construído com a sociedade por meio de atendimento a pesquisa, exposições temáticas, visitas técnicas e benchmarking, promove anualmente jornadas culturais, uma série de eventos com palestras e oficinas gratuitas com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação de acervos históricos e patrimoniais.
Sobre a Fundação Bunge
A Fundação Bunge, entidade social da Bunge Brasil, há mais de 60 anos atua em diferentes frentes com o compromisso de valorizar pessoas e somar talentos para construir novos caminhos. Suas ações estabelecem uma relação entre passado, presente e futuro e são colocadas em práticas por meio da preservação da memória empresarial (Centro de Memória Bunge), do incentivo à leitura (Semear Leitores), do voluntariado corporativo (Comunidade Educativa), do desenvolvimento territorial sustentável (Comunidade Integrada) e do incentivo às ciências, letras e artes (Prêmio Fundação Bunge).