A sabedoria advém do impulso para desenvolver o esforço para compreender a realidade em que nos encontramos, o que é inato a todos os seres humanos, a menos que o indivíduo tenha sido estragado pela indolência, preguiça de pensar, adquirindo indiferença com a vida. É de sua responsabilidade cuidar da saúde do corpo, vigiar a qualidade dos sentimentos e pensamentos, dando permanente atenção ao querer, às inclinações que podem indicar pendores, as predileções, examinando sinceramente o que é benéfico e o que é danoso para o corpo e para a alma.
A boa caminhada pela vida requer bom senso, discernimento e equilíbrio. Temos de examinar o nosso querer interior, analisar, buscar o equilíbrio em nossas ações. Por sermos seres humanos que significam seres espirituais, temos de atentar seriamente. Se de um lado o corpo tem características de animal, de outro as ações devem ser de qualidade humana, moldadas pelo espírito para não nos tornarmos embrutecidos com capacidade de raciocinar, mas sem coração, visando supremacia numa existência de antagonismos egoísticos e atitudes deselegantes para satisfação da própria cobiça.
Recebemos um corpo perecível, com prazo de validade. Evidentemente, necessitamos da posse de bens, mas viver exclusivamente para nos apossarmos de coisas que não vamos utilizar eternamente é viver unilateralmente no mundo material, esquecendo-nos do espiritual do qual fazemos parte em primeira linha. Assim, os seres humanos apegados à matéria se agarram ao que lhes pertence e disputam o que pertence aos outros.
Com o passar dos séculos, o ser humano fortaleceu unilateralmente a preocupação consigo mesmo esquecendo-se de que faz parte de um todo e que suas ações tanto podem contribuir para o bem geral, como causar perdas irreparáveis. Preocupa-se apenas consigo mesmo, o outro não lhe interessa, que se dane o outro. Tem de por de lado essa rigidez e perceber que o cordato se deixa pautar pela boa vontade que quer preservar a harmonia, a paz e a felicidade.
As pessoas não podem sair pelo mundo agredindo a todos porque surgiu algo desagradável em seu caminho. Tem de fugir da tendência de ficar olhando o que o outro tem, como se fosse um competidor que poderá alcançar aquilo que a pessoa quer. Cada um deve analisar as suas ações incluindo o que fala, perceber onde foi rude, arrepender-se, corrigir-se, olhar para o outro com empatia sem tentar lhe fechar o espaço, pois ambos necessitam buscar a sabedoria da vida.
No aprendizado da vida, a intuição, a conexão com espírito é de grande auxilio. Seguir a intuição. As evidências estão nas próprias vivências, elas ampliam o discernimento. Ver, examinar, analisar, integrar o discernido na própria consciência. O espírito nos liga com a ancestralidade, com o que aconteceu no passado. A ação do espírito não nasce no cérebro, ela vem através da intuição, tem uma força extra sempre percebida pela influência que exerce nas pessoas e no ambiente. Nas novas gerações a ancestralidade está meio perdida, pois falta percepção intuitiva porque o espírito perdeu força que foi desviada para o cérebro.
Para receber é preciso doar e retribuir. Uma geração que vive centrada em si mesma não doa mais. Doar valores imateriais como amizade, consideração, desejar que o outro tenha uma vida boa, com saúde e felicidade, é receber, aprender, adquirir sabedoria, aproveitar o tempo de forma acertada para ampliar a consciência espiritual e participar da nova vida fundada nas leis da Criação.
* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites http://www.vidaeaprendizado.com.br e http://www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7