El País é um jornal espanhol fundado em 1976, no período de transição para a democracia, após o fim da ditadura do General Franco. É de propriedade do Grupo PRISA com uma média de 457.000 exemplares diários, que o qualifica como um diário de grande circulação, com a maior tiragem da Espanha, fundado em 4 de maio de 1976 (45 anos).
Pois foi no El Pais que encontramos um texto histórico que conta um pouco da história de São Paulo e de sua arquitetura através dos tempos com referência especial a um arquiteto escravo, Joaquim Pinto de Oliveira, o Tebas.
Nascido em 1721, na cidade de Santos, ele foi escravizado por Bento de Oliveira Lima, português e um dos mais reconhecidos mestre de obras da região. Foi com ele que Tebas teve seus primeiros ensinamentos de pedreiro. Com o passar do tempo e a falta de oportunidades em Santos, os dois subiram a serra em busca de melhores serviços.
E foi aí que Tebas passou a fazer parte da história de São Paulo.
Por volta de 1750, com 29 anos, Tebas teve uma ascensão meteórica em seu ofício de construtor, sendo o responsável por empreendimentos como: projetar e construir a torre da primeira Catedral da Sé, o frontão (conjunto arquitetônico que decora o topo do lado principal de um edifício) do Mosteiro de São Bento e os elementos decorativos da fachada da Igreja da Ordem Terceira do Carmo.
Alforriado entre 1777 e 1778, aos 57 ou 58 anos de idade, Tebas morreu no dia 11 de janeiro de 1811, vítima de gangrena, aos 90 anos. O velório e o sepultamento foram realizados na Igreja de São Gonçalo, ainda hoje existente na Praça João Mendes em São Paulo.
Uma curiosa “estória” sobre o arquiteto
No século XVIII, enquanto era construída a primeira Catedral da Sé, em São Paulo, Tebas passava um bom tempo observando as obras. Intrigado com a curiosidade do escravo, o padre Justino, capelão do Convento do Carmo, perguntou-lhe o motivo dele estar ali. Tebas retribuiu com outra pergunta: “Cadê a torre?”
Justino disse que não havia nenhum construtor capaz de erguer tal torre. Tebas, que dominava a técnica de taipa e pilão, entendia de alvenaria e hidráulica, se dispôs a construí-la, sob duas condições: receber sua carta de alforria e que o primeiro casamento da catedral fosse o dele. E, em 1755, ficou pronta a primeira Catedral da Sé, com a torre construída por Tebas.
Tebas: um negro arquiteto na São Paulo escravocrata (abordagens), obra organizada pelo escritor e jornalista Abílio Ferreira, é a primeira publicação de não ficção dedicada ao construtor, reunindo artigos de cinco especialistas.
Tebas foi o responsável pela construção do Chafariz da Misericórdia (1792), sua obra mais conhecida, além dos ornamentos de pedra da fachada das principais igrejas paulistanas da época, como a da Ordem Terceira do Carmo (1775-1776), a do Mosteiro de São Bento (1766 e 1798), a da velha Catedral da Sé (1778), a da Ordem Terceira do Seráfico São Francisco (1783).
Tebas em Itu
Todavia, uma das suas principais obras está na Estância Turística de Itu, o enorme Cruzeiro Franciscano da cidade (1795). Considerado um monumento raro, só comparável aos cruzeiros da Igreja de São Francisco, em João Pessoa e do Convento de Nossa Senhora das Neves, em Olinda.
O Cruzeiro Franciscano de Itu, hoje em processo de restauro, localizado na Praça Dom Pedro I, no Centro Histórico de Itu, segue em mais uma fase de muitas pesquisas e descobertas.
O monumento foi tombado pelo patrimônio histórico estadual em 2003, junto com o centro histórico de Itu, também tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O pedestal e a cruz foram construídos em arenito, oriundo da região de Sorocaba, e varvito de Itu, rocha sedimentar do período glacial. A obra é do mestre pedreiro Joaquim Pinto de Oliveira, o Tebas, construtor negro responsável por importantes obras paulistas do século XVIII.
05/11/2021
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Raul Machado Carvalho – Editor
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