Caderno “Ciências da Natureza e Suas Tecnologias”, por exemplo, possui a menor média de desempenho. Além de interpretar enunciado, aluno deve ter vasto conhecimento

Que a interpretação de texto na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é fundamental, não há dúvidas. Mas não basta apenas saber interpretar texto, é preciso ter o conteúdo na ponta da língua, principalmente para o caderno “Ciências da Natureza e Suas Tecnologias”, que engloba Química, Física e Biologia. Em 2018, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais (Inep), esse caderno teve a menor média de proficiência dos alunos, com 493,8 pontos. A segunda menor proficiência foi a Redação, com média de 522,8 pontos.

“Durante muitos anos, parte das questões do caderno de Ciências da Natureza era resolvida com certa facilidade, somente interpretando o enunciado”, diz Daniel Augusto Marques de Lima, professor de Biologia com foco em pré-vestibular. “Hoje, as provas mais recentes mostram que o nível de dificuldade das questões aumentou, e nós, professores, temos percebido isso. A interpretação passou a ser apenas mais um dos pontos importantes”, completa.

Guilherme Henrique de Oliveira, professor de Química, também com foco em pré-vestibulares, explica que, para resolver as questões do caderno Ciências da Natureza, um estudo de qualidade é crucial. “Esse caderno possui uma característica específica, pois nele o candidato encontra questões com abordagem exclusiva de cada matéria, mas também as que misturam disciplinas diferentes, o que ocorre com frequência nos itens de assunto ambiental. Também são exigidos do aluno conhecimentos matemáticos para resolução de questões, principalmente de Química e Física”, comenta.

Abaixo, os professores listam as principais dicas para o aluno potencializar os estudos e garantir uma boa nota em Ciências da Natureza e Suas Tecnologias:

Traçar um plano de estudo
Estudar pouco todos os dias se mostra mais eficiente do que várias horas de estudo concentradas em alguns dias. “A concentração diminui com o tempo e, por isso, a produtividade do aluno depois de horas de estudo é muito baixa”, explica Daniel Marques. “Para se acostumar com o estilo da prova do Enem, especificamente para Ciência da Natureza, uma dica é estudar no mesmo dia um pouco das três disciplinas: Física, Química e Biologia”, orienta.

Técnicas de memorização
O aluno precisa descobrir a forma mais eficiente para memorização, o que é bastante individual e varia para cada disciplina. “Músicas e métodos mnemônicos são algumas estratégias de estudo que podem ajudar muito”, cita Guilherme Oliveira.Segundo ele, sublinhar várias linhas da apostila é uma técnica de baixíssima eficiência. Já fazer uma bateria de exercícios é eficaz para qualquer disciplina.

Usar fichas de estudo individuais
Fichas de estudo com temas específicos são boas para revisão. Elas podem ser mapas mentais ou resumos da teoria estudada. “Mas atenção, nesses casos o aluno deve fazer seu próprio mapa mental ou resumo com suas palavras, depois de já ter lido toda a teoria, pois copiar um resumo pronto da internet não tem eficácia”, alertaDaniel Marques.

Uma excelente dica para o aluno não perder muito tempo é, depois de ler a teoria, fazer uma “cola”. “As ‘colas de prova’são excelentes resumos com o que realmente é essencial, pois são sempre escritas em um papel pequenininho. É claro que o aluno não pode levar essa cola para a prova do Enem, então, ele pode jogar fora imediatamente após ter sido feita, afinal o objetivo é fazê-lo extrair os pontos cruciais para a compreensão daquela matéria”, explicaMarques.

Otimização de tempo
O tempo de prova é um dos maiores desafios do Enem, e só se dão bem alunos que foram bem treinados. A dica é: ao longo do ano, toda bateria de exercícios que o aluno se propor a fazer deve ser cronometrada. Segundo Guilherme Oliveira, o aluno deve calcular um tempo menor do que terá na prova para realmente otimizá-lo. “Com essa prática, o estudante que aprendeu a se atentar ao tempo sabe a hora que vale a pena pular de questão quando não consegue chegar à resposta rapidamente. E apenas em caso de sobrar tempo, ele retoma”, comenta.

Escolher bons professores
Estudar por conta própria não é impossível. Mas quando o aluno pode contar com profissionais para orientá-lo, é importante que saiba escolher. “Não basta ter conhecimento, tem que saber ensinar. Muitas vezes o professor possui muito conhecimento, mas não carrega técnicas de ensino que, para exames como o Enem, podem ser bem específicas. É preciso estar habituado com esse ambiente”, explica Oliveira.

Para Marques, um bom professor sabe contextualizar, inserindo histórias que auxiliam como gatilhos mentais para uma boa memorização do conteúdo. “A Biologia, por exemplo,é uma disciplina muito rica em um vocabulário próprio. A estratégia de tentar descobrir o significado da origem de cada termo, entender sufixos e prefixos,é excelente para o aprendizado”, afirma.

Daniel e Guilherme ainda compartilham a mesma ideia: o aluno não tem condição de saber 100% de todas as disciplinas, portanto, o bom professor consegue direcioná-lo indicando quais temas são mais relevantes, determinando assim, uma ordem de prioridade nos estudos.

Sobre Daniel Marques e Guilherme Oliveira
Formado em Ciências Biológicas pela UFMG no ano de 2006, Daniel Augusto Marques de Lima leciona, desde 2003, nos colégios e pré-vestibulares de Belo Horizonte e do interior de Minas Gerais. Guilherme Oliveira é técnico em Química pelo Cefet/MG, graduado em Química pela UFMG e professor nos principais colégios pré-vestibulares de BH e do interior de Minas. Ambos são professores da Salinha Bioquímica, curso especializado em Biologia e Química para vestibulares de medicina e Enem.