Um espirro intenso, um esforço para carregar algo pesado ou uma longa fila de espera até o banheiro. Essas são algumas das situações que podem levar a um escape do xixi e indicar um quadro de incontinência urinária. O tema constrange muitas mulheres, mas poucas sabem que 60% delas compartilham do mesmo problema. Para tratar, um dos mais modernos tratamentos acaba de chegar ao Brasil: uma cadeira tecnológica que gera estímulos na região íntima da mulher, reeducando a musculatura pélvica.
Batizado de Emsella, o equipamento é um dos avanços nos tratamentos de rejuvenescimento íntimo, muito trabalhado na dermatologia e na ginecologia, explica a dermatologista Luciana Saraiva, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). “O rejuvenescimento trabalha a funcionalidade do aparelho genital feminino, conferindo saúde e bem-estar à paciente, com tratamentos que recuperam a firmeza da musculatura da região. É justamente essa a função do Emsella”, explica.
Como funciona
O equipamento conta com a tecnologia Hifem (High-IntensityFocusedEletromagnetic), que cria um forte campo magnético, promovendo a contração das fibras musculares do assoalho pélvico. “O tratamento consiste em seis sessões, sendo duas por semana, em que a paciente fica sentada, de roupa, posicionando bem a região íntima no assento, durante 28 minutos”, explica Luciana. Após o período, a recomendação é de uma sessão a cada três meses, como manutenção.
Segundo a médica, a cadeira promove a educação neuromuscular do assoalho pélvico. “A forma como conhecemos essa reeducação muscular é com as sessões de fisioterapia. Elas são essenciais no tratamento da incontinência urinária. O grande diferencial da cadeira é que, enquanto em uma sessão de fisioterapia é possível trabalhar 100 exercícios, a Emsella trabalha 11 mil”, detalha.
Esse trabalho é feito conforme a intensidade das ondas eletromagnéticas do equipamento, que são controladas pelo próprio médico, ao longo do procedimento, explica a ginecologista e obstetra Clarissa Silveira, especialista em rejuvenescimento íntimo. “O tratamento é bem tolerado. A paciente sente um certo formigamento, pressão, contração na região. Essa regulagem da intensidade torna a sessão muito personalizada, pois, caso seja uma paciente mais idosa, podemos amenizar qualquer desconforto”, explica.
Indicações e contraindicações
Segundo Clarissa, a técnica é indicada para todos os tipos de incontinência como esforço, urgência e mista. Nos casos leves e moderados, a cadeira pode chegar a resolver por completo os sintomas, e, nos casos graves, que necessitam de cirurgia, ela pode atuar de maneira complementar. “Há casos em que a musculatura ao redor da uretra já está frouxa a ponto de haver a necessidade cirúrgica. De toda forma, essas pacientes precisam continuar com a fisioterapia. É exatamente aí que elas podem se beneficiar ainda mais com a Emsella”, detalha a ginecologista.
Segundo a médica, o procedimento é contraindicado para pacientes grávidas, com DIU de cobre, com placas metálicas no quadril ou joelho, por exemplo, bem como marcapasso. “Durante a gestação, não é possível fazer o procedimento, mas, depois, há indicação, pois a gravidez pode levar a mulher a ter um quadro de incontinência urinária. Se a paciente está planejando engravidar, pode fazer o tratamento preventivamente”, afirma Clarissa.
Vida sexual também é favorecida
Se no dia a dia o tema é tabu, até mesmo em consultório, as pacientes têm dificuldade em relatar a incontinência urinária ou desconhecem que sofrem com ela. “Cabe a nós, médicos, sabermos abordar o tema com a paciente, mostrando que tem tratamento. Estudos revelam que 95% das pacientes tratadas com a Emsella relatam melhora significativa na qualidade de vida”, afirma Luciana.
Segundo a dermatologista, a vida como um todo da paciente é favorecida, pois o tratamento para incontinência contribui também para a melhora da vida sexual. “A Emsella não trata somente a questão da incontinência. Há também uma melhora significativa na parte da função sexual, pois a musculatura do períneo é fortemente trabalhada”, explica.