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Edmundo – 3.957 viagens realizadas – Novembro de 2019 |
Edmundo – 3.957 viagens realizadas – Novembro de 2019
Entrei no carro e já percebi que o motorista era um senhor aposentado. Com alguma dificuldade em acionar o aplicativo, que cismava em não indicar o caminho, sugeri para ele tocar em frente que logo o celular se arrumava.
Muito simpático, fala mansa, e direção mais suave ainda, foi avançando na rua e na conversa. Não foi difícil identificar como um motorista profissional, de taxi. E a conversa seguiu esse caminho.
Disse que tem uma licença, mas está atualmente com seu sobrinho, que está desempregado e foi um jeito que ele encontrou para ajudá-lo. Ele fica com o taxi e o Edmundo segue de motorista de aplicativo.
Quis saber como andam as coisas, em relação aos taxistas, e a resposta não poderia ser outra: “quem tirava 300 por dia, hoje não consegue 150. Caiu pela metade”, afirma ele. E no desenrolar da conversa ele me indagou quanto custa uma corrida aos aeroportos. Deve ter comparado com o valor de uma corrida com o taxímetro ligado, mas voltou a falar mesmo da decadência de sua profissão.
“Trabalhei muito com rádio-taxi, que era uma novidade e melhoria no serviço, mas quem precisava pegar um taxi na Av. Paulista, nunca conseguia”, comentando o problema de falta de carros em locais de grande demanda.
Seguindo pelas ruas de forma tranquila, a conversa seguia no mesmo ritmo ainda. Mas em certo momento ele estava mesmo reclamando o valor do ativo, da licença para trabalhar como taxista: “quem queria comprar uma vaga em Cumbica, pagava 400, 500 mil antes da Uber. Hoje ninguém quer comprar, não vale mais nada”, avisa Edmundo. E já completa a informação dizendo que não tem só a Uber, não, tem a 99, a Cabify, POP...
Final da corrida, desci do carro, agradeci, e de longe vi que demorava sua saída, pois ele ainda estava mexendo no celular.