o middle market e o futuro do crédito

Os bancos que estão atuando como canais de produtos como Pronampe e FGI estão liberando em média R$ 60.000,00 e R$1 milhão por empresa, respectivamente. Eles usam tal ferramenta muito mais como aquisição de novos clientes do que para atender às demandas de giro e recuperação da recessão de vendas do último quadrimestre, no qual grande parte das empresas passou por testes de estresse significativos.


Um ponto que chama sempre a atenção é o quanto o time de crédito gasta entendendo o modelo de negócios, a capacidade de gestão do time executivo e, de uma forma mais holística, a estratégia das empresas. Este tempo não passa de 5% do total gasto na preparação de documentos, entrevistas e adequação da empresa aos comitês de crédito. Consequentemente, isso gera uma sobrepeso à análise de balanço e de colaterais .

No fim das contas, os bancos já estão estocados de imóveis e cheios de alienação fiduciária de equipamentos operacionais que não tem o valor econômico desejado fora do contexto onde ele estava inserido.

Ademais, é curioso o depósito de boa fé nos balanços das empresas pois existe uma diferença entre realidade de negócios e da contabilidade, em maior ou menor grau, dependendo do nível de governança e tamanho das empresas. A tarefa de análise clássica dos balanços deve e sempre será alvo de escrutínio necessário. A provocação que fazemos aqui se refere a limitação do escopo, sua eficácia e peso desta abordagem. A falta de reconciliação matemática entre o negócio das empresas e sua contabilidade tem diversas causas, variando entre interesses de agenda, caráter do management, senioridade da controladoria das empresas e a disponibilidade de orçamento para sistemas e controles internos.

O desafio dos ofertantes de crédito é ter a paciência e capacidade de entender melhor o contexto da empresa e do seu negócio , avaliar a qualidade e os desafios do management na execução do seu plano de negócios. Alguns poucos bancos possuem times de crédito e analistas combinando estas abordagens e pensando um pouco mais fora da caixa.

Temos um desafio grande para a alocação de crédito por bancos e fundos no médio prazo se o protocolo de análise não mudar. Um percentual não desprezível do PIB brasileiro é composto por empresas de serviços, tecnologia e outros, com balanços sem colateral e com boas margens em seus negócios.

É vital a inserção crescente destas empresas no rol de opções e ofertas de crédito. São grandes geradoras de empregos e motores de crescimento da economia brasileira. O modus operandi forçosamente precisará avançar. A liquidez de capital atual não será atendida pelas formas tradicionais de análise vigentes.



Marco França é engenheiro pela PUC, tem MBA em Finanças (COPPEAD) e é sócio da Auddas

Editorias: Economia  Governo  Negócios  
Tipo: Artigo  Data Publicação: 23/11/20
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